Pinturas de tons fortes e coloridos, cenas fantásticas, extraídas de sonhos e da realidade cotidiana, e os recorrentes personagens vermelhos e amarelos, que aparecem em instrumentos e caixas de som, são algumas características marcantes da produção contemporânea dos irmãos Otávio e Gustavo Pandolfo, hoje com 34 anos. Eles formam a dupla OSGEMEOS, que, em maio, pintou a fachada de um castelo na Escócia e teve trabalhos expostos na famosa Tate Modern, de Londres, e na conceituada Deitch Gallery, de Nova York.
Um dos grandes destaques é a escultura móvel, também sem título, que tem como suporte o chassi de um fusca, com cabeça e mãos. “Quando fazemos uma obra esperamos que ela nos fale o nome”, afirma Gustavo. A cabeça possui movimento mecânico dos olhos e da boca. Após o término da mostra, as mãos também deverão ganhar movimentos de articulação. Futuramente, os artistas pretendem utilizar a escultura em exibições em ruas e praças públicas. Para o artista, este é um objeto masculino. A escultura “deverá dialogar com outro objeto feminino”, um cubo-cabeça pendurado no teto da sala expositiva com o interior todo espelhado. “Os visitantes poderão entrar e se ver. Deve remeter ao próprio Eu, em diálogo com a escultura masculina.”
Outro destaque é a instalação “Os Músicos”, composta de 30 caixas de som, megafone, guitarra, baixo, violão e bateria, todos pintados com os personagens vermelhos e amarelos. “Mesmo que não saibam tocar, queremos que as pessoas toquem, se expressem. As caixas devem ser como um porta-voz do visitante.” Para completar a cenografia da mostra, a dupla OSGEMEOS assina a pintura-mural, realizada durante a montagem, na parede externa da sala de exposição.
Gêmeos idênticos, a maior parte das obras dos irmãos é realizada sem um planejamento prévio. “Normalmente não combinamos, vamos fazendo. A gente ta sempre desenhando em papel. Com o papelzinho na mão, passamos para a tela, para o mural.” Na poética da produção da dupla está o cotidiano simples, o amor, as viagens, as pescarias com o avô, os relacionamentos, as fugas e as contradições “na busca de novos caminhos”. “Fazemos uma crítica social e política. Em outras situações criamos um mundo paralelo, fantástico, lúdico, para poder sobreviver.”
Uma Trajetória Fantástica
Gustavo e Otávio começaram pintando a sala da casa dos pais, e ampliaram para as ruas do bairro paulista Cambuci, nos anos 1980. Em uma surpreendente trajetória, a dupla OSGEMEOS chegou às conceituadas galerias e museus dos Estados Unidos e da Europa. Há anos, antes mesmo de terem o talento descoberto por especialistas brasileiros, a arte deles foi reconhecida por Jeffrey Deitch, curador da mostra Too Far Too Close (Muito Longe, Muito Perto). Foi Deitch quem abriu espaço para os irmãos em Nova York, na Deitch Gallery, onde permaneceram em cartaz até agosto deste ano. O mesmo curador que os apresentou para a Galeria Fortes Villaça, em São Paulo, onde expuseram em 2006.
Mas, o talento e a fama d’OSGEMEOS já percorria o mundo, desde 1994, Gustavo e Otávio já pintaram no Chile, Argentina, Cuba, Estados Unidos, Austrália, China, Japão e na Europa quase inteira. Na agenda deste ano, ainda está prevista a realização, agora em outubro, de uma exposição no Museu de Arte Moderna de Tóquio (MOT) e a participação, em dezembro, em um Salão de Pintura Moderna e Contemporânea em Paris, no Louvre. “Para 2009 temos vários convites, mas ainda temos que confirmar e fazer a nossa agenda”, conclui Gustavo.
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